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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Paródia Arcádica

Na aula de Poesia Brasileira , do Prof. Paulo Seben, na UFRGS, eu refiz um poema, atualizei.


LIRA III

Tu não verás, meu amor, cem cativos
todos acorrentados trabalhando
agora são's chineses todos juntos
que'stão fabricando.

Não verás a miséria deste povo
que vara dia e noite costurando
roupas da nike e adidas, tênis novo
que tu andas comprando.

Não verás chinesinhos numa indústria
produzindo o brinquedo do teu filho
que compras orgulhoso, com minúcia
de acordo co'brilho.

Não verás o suor de toda China
que montou teu 'pecê', peça por peça,
pois não conhecerás essa chacina
que a mídia não expressa.

Verás somente filmes e novelas
que aparecem nas telas conectadas
a'um mundo sem desgraça, na janela
onde nada passa.

Enquanto nós compramos na internet
roupas de carnaval bem coloridas
para comemorarmos com confete,
com muita bebida.

Cantarás para mim alegres músicas,
Tu me farás gostosa companhia,
dentro da nossa casa bela e rica,
junto eu cantaria.

E quando não tiveres mais beleza,
Meu bem, aplicaremos um botox,
E tu ficarás belo, com certeza,
um jovem xerox

domingo, 18 de março de 2012


A POESIA

Ela nasce quando a tua cabeça tá pra explodir,
teus sentidos a mil e nada sossega teu ser.

Quando tu quer gritar e não pode,
e quer falar , mas não tem ninguém,
e quer sentir algo mais forte.

Uma facada no peito resolveria,
um ataque cardíaco resolveria
e até um assassinato te deixaria mais calmo.

Mas o bairro é muito seguro
e o teu coração é bem forte.

Então me entrego a maldita poesia,
me rendo as palavras,
deixo com que meus sentidos me dominem
e escorreguem pras teclas do computador.

Meu cérebro começa a funcionar,
a raiva é o carvão pras conexões neurais,
é tanta energia transferida pra um lugar só
que as minhas mãos começam a trancar
e não dá pra resetar o meus músculos.

É uma fonte de energia tão forte que se forma
que precisa de um estabilizador especial
pra que o sangue continue correndo.

domingo, 27 de novembro de 2011

Programação

Programação.


Todos felizes e contentes aparecem
na tela do computador:
fotos de família, grupos, grupais, sorrisos.

Abro uma nova janela e digito
alguma coisa
sem sentido:
tenho medo.

Milhões de resultados foram localizados:
meteoros, sangue, armas
presidentes, carros, câncer
transgênicos, Marilyn Manson.

Fecho a janela
do meu quarto
e deixo abertas as janelas do mundo.

Virtual, Surreal.
O mundo!
Sem árvores, sem cheiros.

Navegadores sem mar,
vírus sem vacinas,
janelas sem persianas,
mundo sem mundo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Texto do Curso de Criação Literária

O LAPSO
Yádini Winter

Giovanni acordou naquele dia como se nada tivesse acontecido. Atirou o cobertor no chão e se levantou para desligar o despertador. Foi ao banheiro, pegou algo para comer na cozinha e foi olhar tevê na sala. Passava os canais procurando alguma coisa que não sabia definir; nada o agradava nos cento e vinte canais. Decidiu tomar um banho e sair um pouco.
Ignorou tudo o que tinha se passado nos últimos dois meses. Ele só queria se libertar. Caminhar. Pegar ônibus. Correr. Passeio sem fim definido. Observar as árvores, a maneira com que as folhas dançam no ar até chegarem ao chão, o lixo atirado no meio-fio, as formigas trabalhando desde cedo, o canto bonito e irritante dos pássaros se misturando à melodia dos pneus e buzinas no centro da cidade. Ele queria esquecer as conseqüências que os seus atos impensados poderiam trazer.
Giovanni era distraído e se irritava com coisas bestas, como as roupas das pessoas: não usava terno, nem moletom da GAP, comprava tudo no balaio do brechó; pensava ser um cara contra o sistema por causa das suas malditas roupas usadas. Ele era um merda. Não controlava as palavras que saiam da sua boca; quando percebia que não poderia falar, já tinha falado. Os resultados das suas atitudes nunca lhe favoreciam, mas mesmo assim ele continuava fazendo e falando o que não podia.
Naquela manhã, Giovanni sentou-se em um banco na praça perto de sua casa e começou a procurar uma solução para aquela besteira que fez ontem à noite. Suas mãos estavam marcadas naquele muro perto do bar, sua voz estava gravada nas paredes daquele beco. Não fumava, mas quis comprar cigarro. Comprou, fumou e sentiu as suas costas gelarem. Tocou na parte de trás da sua camiseta e ela estava encharcada. Antes que pudesse perceber o que aconteceu, desmaiou.
Acordou dentro de uma sala branca com luzes amarelas apontando para o seu rosto. As mãos e pernas amarradas em uma mesa fria. Ouvia vozes e sussurros em uma língua que não conseguia identificar. Tamparam seus olhos. Sentia a pele de sua barriga ser repuxada, mas não sentia dor. “Devem ter me anestesiado”. Giovanni não conseguia falar, nem abrir a boca. Procurava respostas em sua mente; não as achava. Dor na cabeça. Desmaiou.
Estava sentado no banco de outra praça. Não sabia onde estava. Levantou e começou a caminhar procurando algo que identificasse. Nunca havia visto aquelas lojas. Quando passou em frente a uma vitrine não se reconheceu: estava com outras roupas, outro cabelo e outro rosto. ‘O que está acontecendo comigo?’
Giovanni continuou andando. Correndo. Estava desesperado. Perguntou onde ele estava para uma mulher que caminhava na calçada. Ela olhou com medo para ele e saiu correndo. Tentou se acalmar. Sentou no chão e respirou fundo. Levantou. Foi quando percebeu que a rua estava tomada de lixo, as lixeiras estavam transbordando e cheias de lixo ao redor. Olhou para cima e só viu uma luz amarela forte em meio a arranha céus. Ele não sabia o que fazer.
-Giovanni! Fique parado! – gritou um homem de chapéu e terno pretos e uma barba comprida - como os judeus mais conservadores se vestem. Giovanni congelou. Olhou para trás e não reconheceu o homem.
-Tu me conhece? Da onde tu me conhece? Onde eu ‘tô’?
-Não se faça de tonto. Eu não esqueci o que aconteceu no beco ontem à noite.
-Quê?!
- Os avisos já foram enviados e as modificações concluídas. A próxima fase da operação só depende de você.
- Qual a ligação do que aconteceu ontem com tudo isso agora? O que ‘tá’ acontecendo?!
- Só depende de você. É melhor você se cuidar mais. Não é seguro continuar aqui. – Giovanni correu para agarrar o judeu, mas passou entre ele e acabou caindo no chão. Era um holograma. Giovanni levantou, ficou em pé na frente do judeu, olhou em seus olhos e perguntou o que estava acontecendo. A resposta do holograma o chocou mais uma vez: “Mensagem gravada. Não posso responder suas perguntas”.
Giovanni foi dando passos para trás apavorado, colocou as mãos no rosto, se agachou e tentou se acalmar. Então ouviu o canto dos pássaros novamente. Sentiu uma luz vermelha iluminar seu rosto. Não havia barulho de carros. Sentiu gelar seu crânio. Ficou em pé e sem abrir os olhos correu em direção à luz. 

sábado, 29 de outubro de 2011

Texto do Curso de Criação Literária

TEMA: Dois sujeitos que se encontram. Começa com um personagem e termina com outro.

OS SUJEITOS
Yádini Winter
Estava perto da mesa meio a um milhão de outras coisas. Esquecido no escuro, embaixo de outros que eram mais importantes no momento, mais úteis. Tornava-me cada vez mais empoeirado e sujo, estava me estragando, quase entrando em depressão. O pior é que eu estava novo em folha, não havia marcas nem machucados, e isso que me deixava mais triste. Não consigo entender como as pessoas são capazes de te possuir e depois te esquecer. Um amigo que morava comigo em outra casa tinha me dito que tu és responsável por aquele que cativas; tudo bem que ele era um tanto subjetivo e complicado, mas, mesmo assim, todos o elogiavam o tempo inteiro, ele criava imagens realmente belíssimas. Eu era simples e direto, não menos poético, não menos importante.
O quarto onde eu ficava a maior parte do tempo era pequeno, comum e prático, as pessoas dormiam, acordavam e trocavam de roupa. Sempre bagunçado, coisas empilhadas pelos cantos. Todos sempre estavam na correria diária; eu nem acordava direito e já jogavam roupas por cima de mim, se enchiam de perfume – o que me causava alergia- e saiam rapidamente, nem desligavam a luz! Eu só aceitava, não tinha coragem de reclamar, ali ninguém reclamava. Enquanto nos dessem um lugar para morar seríamos agradecidos. Era tão apertado que dava para sentir a respiração dos outros dormindo perto de ti, ficávamos um do lado do outros espremidos como sardinhas.
Eu me deparava todo o dia com pessoas de todos os tipos, com crenças e objetivos de vida diferentes. Às vezes eles chegavam aos montes, famílias inteiras junto a alguns perdidos no mundo, uns mais novos, outros mais estragados pela vida. Alguns se achavam mais importantes que os outros, pela beleza ou pela a sabedoria, mas nos fundo éramos todos iguais, feitos basicamente do mesmo material para o mesmo objetivo. Tínhamos estórias incríveis, de todos os gêneros: aventura, romance, terror... Havia alguns que divagavam lindamente sobre as coisas do mundo- tão poéticos!- descreviam o que sentiam como ninguém. Os revoltados eram muito admirados por todos, mas chegava uma hora que essa ladainha pessimista enchia o saco, e eu me voltava para as crianças, onde tudo era um arco-íris, com rimas e diversão.
Eu sonhava com o dia em que alguém me descobrisse meio aquele monte de gente, ouvisse o que eu tenho a dizer, tentasse me compreender. Eu já tinha visto tantos saírem do meu lado e conquistarem o mundo! Sempre pensava que eu iria ser o próximo, sentia o calor chegando perto de mim “Eles vão me pegar!”, mas sempre era outro colega. Às vezes eles tinham as roupas mais sujas que as minhas e, mesmo assim, eram escolhidos e não voltavam nunca mais. Para onde será que eles iam? Devia ser um lugar maravilhoso, ensolarado. Eu imaginava um céu azul tomado de nuvens e eu deitado na grama tentando ver as figuras que se formavam nele.
Amanheceu e tudo parecia normal quando, como um sopro, senti uma mão pegar meu corpo. Desmaiei.
-Achei! ‘Tava’ procurando esse livro faz tempo, acho que nunca usei, só comprei e coloquei na estante.
-Eu disse que devia ‘tá’ no meio dessa tua bagunça.
- ‘Tá’ meio apertada essa prateleira já, vou ter que comprar um armário pra colocar todos esses livros. Ahh... A minha amada biblioteca.
-Dá uma passada na loja de móveis e vê quanto tá uma estante nova pra ti, oras.
-‘Tá, tá’. Tenho que ir lá. Tchau.
-Tchau.
Agora que achei esse livro sou obrigado a lê-lo. Eu gosto de ler, mas a internet faz com que eu fique lendo quadrinhos abobados a tarde toda. Acabo perdendo um tempo precioso. Acho que eu leio quase vinte livros por ano. Não gosto de todos, eu não sou tão cara-de-pau que nem meus outros colegas do curso de letras que acham genial tudo que o professor sugere. Eu já li Paulo Coelho mesmo e até achei divertido.
Esse livro está empoeirado e meio sujo, melhor eu passar um pano se não vou começar a espirrar. Alergia, né. Ainda bem que livros não sofrem com esse tipo de coisa, os meus já estariam todos mortos. Eu lembro o dia que comprei esse livro, estava ele num sebo lá do centro da cidade do lado do ‘Pequeno Príncipe’ em francês que quase o comprei também, os dois pareciam combinar.
Os dias foram passando e aquele livro foi se tornando um dos meus melhores amigos. Andava com ele por todos os lados. Deitava na grama na faculdade e tentava desvendar o motivo de cada palavra estar ali, o que havia por trás das frases. Não é uma questão de simples sintaxe, é entender como as palavras dançam no espaço, o poder que elas possuem. Tentava também compreender o autor, como os professores mandavam, mas acho que um livro, depois de escrito não tem mais dono, ele se torna um ser por si só, livre. Penso na maneira como foi feito, em tudo que ele passou pra chegar às minhas mãos, ‘c’est fantastic’,
Não foi mais um livro, ele era o meu livro, o meu companheiro. Ele me fez prestar atenção em certas coisas que eu jamais notaria sozinho. Não me senti mais sozinha. As palavras penetravam na minha mente e passavam pelas minhas veias, as suas raízes se fixavam no meu ser. E passavam os meses e ele não saía da minha pasta, o abria todo dia, nem que fosse para ler uma palavra, como uma espécie de mantra diário. Eu tinha escrito o meu nome inteiro na primeira folha, junto com a data por extenso e o nome da minha cidade com caneta vermelha. Sim, ele era importante.
Depois o tirei da pasta e o deixava na cabeceira da cama, junto aos outros livros importantes. Os anos foram passando e os livros se acumulando por cima dele. O quarto foi mudando, as pessoas que nele dormiam também. Até que comprei uma estante e coloquei todos os meus livros na minha sala, era mais arejado e adequado para eles e para mim. Ele ficava bem na frente, no centro, era uma parte importante de mim. Eu o abria às vezes e lia as anotações nos cantos das páginas, algumas dobradas nas pontas, com manchas de comida; marcas de uma vida. Era lindo com as suas cicatrizes. Um livro novo é um livro triste, sem utilidade e vazio de sentimentos. Ao contrário disso, aquele livro era um dos livros mais felizes e importantes da minha estante.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Texto do Curso de Criação Literária

TEMA: Descrever um personagem / Se descrever


COISAS QUE SÓ EU POSSO AFIRMAR
Yádini Winter
Nome diferente, 19 anos e estuda francês. Não sabe bem o que está fazendo, mas isso a deixa bem mais tranqüila do que quando tinha certeza do que queria fazer. Sempre sonhou com fama e fortuna como todos que nascem dentro do sistema capitalista; no começo, pensava em modificar esse sistema com o Manifesto Comunista do Marx embaixo do braço, mas agora tenta achar pequenas felicidades dentro dessa bagunça econômica e política. O curso de letras acaba deixando as pessoas mais alienadas; os estudantes começam a confundir os livros com a realidade, e como os livros são melhores, esquecem a realidade. Boa escolha a  dela.
Mais velha de três irmãos, sempre teve que abdicar de seus brinquedos e dar para os mais novos, mas também os controlava e sempre fazia com que a sua vontade prevalecesse. Hoje, na casa dela, ninguém leva mais a sério a hierarquia entre os irmãos. Namora desde os 15 anos com o mesmo rapaz que conheceu no colégio em 2006, ela estava no primeiro ano e ele no terceiro. Hoje os dois estão na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e só se agüentam por que escolheram áreas bem diferentes; ele das exatas, ela das humanas - clássico.
Diferente da maioria dos jovens, gostaria de ter nascido no ano que nasceu, não consegue entender como as coisas funcionavam sem computadores, celulares e internet. Gosta do novo e do diferente, detesta pessoas que sem prendem ao passado e não mudam, por isso muda o corte de cabelo a cada seis meses. Tem preguiça de se arrumar e usar maquiagem, está quase sempre de calça jeans e tênis, a maioria all stares da sua pré-adolescência.
Gosta de música, dançar e é viciada em chocolate. Filha de alfabetizadora sempre foi incentivada a ler e escrever: têm seus cadernos de poesia desde a primeira série guardados no guarda-roupa. Não tem ídolos, não gosta de louvar, nem ao senhor nem a escritores ou músicos; põe todos os seres humanos no mesmo patamar de importância. É cética e mística. Normalmente, nada está suficiente bom para ela, reclama de quase tudo. Menos do seu nome, ela o acha perfeito para si.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A morte da Arte numa sociedade high tech


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CONSTATAÇÕES

O sol só me congela dentro do ônibus; mais que as pessoas de olhares frios.
O cenário não é mais importante que os sorrisos.
A grama verde dá destaque pra minha pele e meus cabelos.
Quanto mais me especializo no subjetivo, menos graça tem ele.
Minha vida pode ser organizada em tópicos borrados e coloridos, junto com desenhos sem sentido e cheiro de creme para mãos de morango.
Cada vez mais compreendo a poesia nas coisas objetivas.
Quem não estar perto é superficialmente apagado.
Quando repenso de uma maneira criativa parece fácil.
Roupas e livros tem relação com o meu humor: os livros o modificam e as roupas o comprovam.
As notas musicais possuem diversas cores.
As cores lembram música.
Sinto hoje mais amor pela palavra.
Vejo mais arte dentro da ciência do que ciência dentro da arte.
Os morfemas se ligam e criam uma melodia comunicativa.
Gostar de algo sem poder manifestar perde a graça.
Silêncio meio a palavras fonológicas é irritante.
Mudar é necessário.

Yádini Winter

domingo, 17 de outubro de 2010

dezoito de outubro de dois mil e dez.

Rosa minha
-...floresceram comigo.
Pablo Neruda.
Sentei pra te escrever algo,
mas a inspiração não vinha.
Fiquei com medo que não
fosse incompetência minha
e sim que meu amor por ti
tivesse fraco, acabado.
Comecei então a lembrar-me
da tua voz e dos teu olhos,
coisas que tu falava-me
abraçando-me por trás.
De repente tudo veio
à tona e senti arrepios
meus pés gelaram e do
meu peito elas floresceram
vermelhas e cor-de-rosa
enrrolaram-se no meu
braço direito
e controlaram
meus movimentos
fazendo-me 
escrever teu 
nome inteirinho
na folha branca
d'um jeito novo
e inteiramente
meu.

Yádini Winter -
 ao meu amor Fabrízio Krapf e os nossos 4 anos de namoro dedico esta poesia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poemas em prosa?!

Cansei. Dessa gente com esses mesmos papos sobre literatura, lendo sempre os mesmos malditos ídolos. Ídolos ultrapassados, alguns geniais, outros normais -  sabe, nada de mais. E eles adoram, ah , como adoram declamar seus feitos e elogiar os dos outros, mas só os já pré-reconhecidos - aqueles de rodapé de livro, explicativos. Acho engraçado, e tenho até vergonha, dessas admirações dispensáveis, comentários dispensáveis, pessoas dispensáveis. Pobres pessoas, penso eu depois, mas logo despenso, as dispenso. Não suportava mais ouvir as suas palavras, as mesmas malditas palavras daquele discurso decorado em casa na frente do espelho - rachados esses deviam estar, igual seu maldito discurso. Ah, letristas, não me amolem com essas letras de livro, de caderno. Rasguem o caderno e joguem fora junto com o espelho quebrado. Se joguem fora também. Mas se o lixeiro não quiser lhes levar, sigam o exemplo do João Gostoso. Feirante ele, lestristas vocês. Tudo vira a mesma farinha debaixo da terra. Mas ele tinha sentido continuar vivo, não existem feirantes em notas de rodapé. Eu mudaria o poema, então.
Um letrista era repetidor de rodapé e morava perto das livrarias mais cults num prédio sem número
Uma noite ele chegou num bar da Cidade Baixa
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lago Guaíba e morreu afogado.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Funeral de uma Letrista

Não acredita em nada
segue sem pensar
tamanha enrrascada
em que ela foi entrar

Largou faculdade
parou de estudar
vive da maldade
das mesas de bar

Bebe Vodka, Elisa!
Não adianta chorar
tire essa camisa
p'ro dinheiro entrar

Se entrega, se mata!
 Não vai trabalhar?!
Deixa de ser chata
venha se mostrar!

Só lembre de livros
sem o verbo 'amar';
agora tua vida
começa a mudar.

Sexo e putaria
que vai encontrar.
Sai dessa euforia!
Vem logo me dar!

Tu nasceste pra isso!
Custa acreditar
que este olho mestiço
já foi de estudar!

Desce, Elisa, desce
ao fundo do poço
dessa tua alma morta.

Yádini Winter

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Críticos preto e branco.

Chamem-me de ignorante
Com os meus dizeres sem base
De grandes filósofos.
Digam que eu errei a crase,
Que não tenho capacidade
De obedecer aos gramáticos.
Discordem de mi’as ideias
Dos meus ideais;
“Marx está errado!”.
Sim. Eu não sou séria
O suficiente para estar aqui.
“Cresça! Seja infeliz!”
Formatar meu pensamento
Segundo as normas da ABNT
Pra realmente fazer sentido
Dentro do teu universo
Acadêmico, cinza e pobre.

sábado, 29 de maio de 2010

Mais!

No grupo de poesia, o Porf. Seben abriu uma revista e leu a frase metrificada de uma propaganda "Café torrado e moído", o objetivo era fazer uma poesia:


Moído na calçada

País de pretos e pobres
Tratados como animais
Diários insultos sofrem
Suportam dor e chicotes.

-Acabem com ele! – Gritos!
Dois tiros cortam as nuvens.
Seu rosto desesperado
Seus pés correm para esquina.

-Pensou que fugiria assim? –
Berrou o loiro nervoso.
- Eu não fujo de uma luta-
Responde o negro rebelde.

Tambores ritmados soam:
Revólveres que dissolvem
Café torrado e moído
Com pedras e asfalto cinza.

\Yádini Winter\

domingo, 23 de maio de 2010

Xô rima.

Ora essa, não venham cantar métrica,
sou ser sem mel, não tenho fé católica,
já cansei das antíteses simbólicas
e exclamar palavrões mostrando fúria

Fracos adolescentes depressivos,
caiam de seus cavalos decadentes,
iguais as suas mentes, incoerentes!
Aprendam a sofrer descentemente.

Criem alguns heróis sentimentais,
lutem por igualdade, hiperbólicos
defendam negro magros, democráticos.

Construir versos ritmados, mas por quê?
Nem sendo indeciso, muito bucólico
ter total mobidez, dá-me prazer!

Yádini Winter - Soneto?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Roedores

Hoje choro como se tivesse motivo para tal.
Nem grandes problemas tenho.
Tenho pequenos,
que corroem,
veia por veia,
cortam as ligações e o sangue para de circular.
Me sinto morta, por isso choro, pelos malditos roedores.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Poema.

Sem Voz

Eu estou tremendo
e já faz três dias
desde que o susto foi dado.

Dói mais por eu não sentir nenhuma dor,
nada que eu possa me esconder atrás,
está tudo perfeitamente funcionando
que tenho que quebrar algumas peças,
desencaixar, mau contato, queimar.

Pegam fogo as minhas palavras,
meus suspiros me desmoronam,
não me sinto bem aqui.

Socorro. Três vezes.

Fujo o olhar para o chão,
corro sem olhar pra trás,
sem me comunicar.

Eu só queria poder aceitar,
não estar assim.
Eu não quero estar assim.
Me tira daqui.

Socorro. Não tenho mais voz.

sábado, 3 de abril de 2010

Poesia;

Covardia Poética

Não reclama,
Não briga,
só comente do seu dia,
da sua vida sem graça.

Não quero brigar com você,
não tenho tempo para isso - não quero ter tempo.

Faça como um jovem burguês,
dê-me presentes e elogios,
mas não brigue para que eu mude,
porque eu não vou.

Não quero mudar,
não mude você também.

Não sei se vou aguentar
alguns dias,alguns meses,
vai desgastar;
sou chama de vela e a cera vai derreter toda
até acabar e apagar o fogo.
Não quero que termine assim.
Quero que termine
E, se aguentarmos,
continue quando for a hora.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Rabiscos

ENTRE AS FERRAGENS

Depois de sentir a vibração cheia
de dores e marcas avermelhadas,
fechei meus olhos em busca de algo
que me levasse para longe disso.

Tentei esquecer os ferros entre mim,
me prendendo de mim a qualquer custo,
me apertando a fim de que a fonte toda
esgote e acabe com a minha dor.

"Flashes" e rostos giram feito loucos,
rápidos e arrasadores sorrisos
me fazem mudar todo este fim.

Borbulhantes bordô nos meus lábios
me puxam para o infinito borrado
de arrependimentos mal planejados.

Yádini Winter -

domingo, 20 de dezembro de 2009

Poeminha

Aos não compreensores

Meus rins pararam de funcionar,
pois não tenho mais água no corpo,
toda ela foi tirada às lágrimas
de desespero do infinito do universo.

Os sistemas estelares não ouvem a música
que as minhas frágeis cordas vocais declamam;
todos os planetas tem água, pois não ouvem
meus gritos e murmúrios desesperados.

Não consigo absorver a imensidão da
Via-Láctea, nem leite tomo mais;
meus rins pararam,
para eu parar
de me sufocar.

Yádini Winter

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ENEM

LÁ VEM O ENEM,
LÁ VEM,
LÁ VEM
DE TREM,
QUE TREM?
NO BRASIL NÃO TEM.
E O QUE TEM?
FÉ DE QUE ALGO TEM.