Infelicidade é a palavra que domina meu dia-a-dia com a UFRGS. Não me sinto bem, não me sinto a vontade sentada naquelas cadeiras tortas assistindo aula, não fico ansiosa por conhecimento. Não consigo me encaixar, nem achar graça, nem me surpreender, meus olhos não brilham com nada. Não gosto de mim, não gosto de nada que eu faço; não gosto de ninguém, não gosto de nada que outros façam. Gosto do que faço quando faço direito, mas não tenho ânimo pra me esforçar para fazer as coisas. A vida não me apaixona como apaixonava quando eu acreditava que tudo poderia ficar melhor. Nada é melhor, nada vai ficar melhor. Agora convivam com isso. É perda de tempo viver assim. É perda de tempo acreditar no que NÃO VAI acontecer. É perda de tempo se apaixonar, estudar, trabalhar e rir.
Esse tempo perdido não se encaixa em outro tempo utilizável, então sigo perdida. Ansiosa, com raiva de não saber onde está o tempo com o qual eu vou me orgulhar utilizar. O tempo é nada. Escolhi ser infeliz. E sabe o que é estranho? A escolha foi tomando forças magicamente, eu não lembro de parar pra pensar: "Bom, agora vou ser infeliz." Não sei quando eu deixei de ser feliz, de pensar em ser feliz. Eu escolhi inconscientemente ser infeliz. E essa é a escolha mais íntima e forte que se pode ter.